terça-feira, 8 de maio de 2012

Indignado - sobre o piso do magistério


Estudei minha vida inteira em escolas públicas. Fiz o Ensino Fundamental no Colégio Pedro Osório, no Ensino Médio estive no CAVG e no CEFET-RS (hoje IFSUL), a graduação na UFPel, onde hoje estou concluindo meu Mestrado.

Durante todos estes anos, tive contato com centenas de professores e demais profissionais da área da educação. Devo absolutamente tudo que eu sou à educação que recebi na minha casa, às pessoas que conheci nas ruas e aos profissionais de educação das Instituições pelas quais passei.
Estou acompanhando - ansioso e indignado – o desenrolar do tema do piso nacional dos professores. O debate em relação ao piso é antigo, assim como a defasagem salarial da absoluta maioria dos professores.

Nunca se ouviu uma voz contrária ao piso dos professores. Ninguém, absolutamente ninguém se atreve a dizer que os professores não merecem ter um salário digno. A novidade dos últimos anos é que foi criada uma lei sobre o piso que estipula um valor mínimo nacional.

Ocorre que estamos em um país onde grande parte dos recursos públicos são drenados para o pagamento de juros de dívidas impagáveis e para a corrupção. A absoluta maioria dos Partido Políticos é responsável ou conivente com esta drenagem. Se sobram recursos para banqueiros e corruptos, faltam para serviços básicos, como a saúde e a educação.

Neste sentido, aprovar uma lei que estipula o pagamento do piso sem modificar os rumos da economia é puríssima demagogia. Mais demagógico ainda é ser eleito na “onda” do pagamento do piso e chegar ao Governo, permanecer no Governo e sair do Governo não pagando.

Eis que na Cidade de Pelotas, nos dias atuais, estamos vendo e vivendo um absurdo dos mais revoltantes. Além de não cumprir a legislação, a Prefeitura capitaneada pelo Sr. Fetter Júnior acaba de cortar o salário dos professores que estão em greve lutando pelo pagamento do piso. Sequer o vale-alimentação estes profissionais receberam no início deste mês.

Eu não sei exatamente o que vai acontecer daqui pra frente. Não sei se os professores receberão o piso, se vão resistir aos ataques e ameaças que estão sofrendo e permanecerão em greve. Espero com todas as minhas forças que os professores continuem tendo garra e permaneçam lutando e dando o exemplo para toda a comunidade Pelotense. Espero que os profissionais da educação, seus familiares, amigos e toda a comunidade que precisa da educação pública cobre esta conta dos Governos, em todas as eleições – a hora em que eles sentem o peso da população. 

O que eu posso garantir é que eu não vou me esquecer. Não vou esquecer do que já aprendi e continuo aprendendo com os profissionais da educação pública. Vou cobrar, em todos os momentos, de todos os responsáveis ou corresponsáveis pelo desrespeito aos educadores. Nenhum deles vai ter folga.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Prometeu? Ganhou votos? Agora te vira meu caro...


Tenho acompanhado com certa atenção as cobranças populares  que alguns políticos da cidade têm sofrido por algumas de suas medidas, bem como, tenho acompanhado as respostas, ou a falta delas, por parte destes políticos.

Confesso que as tais medidas impopulares, como viagens para a Europa com dinheiro público e votações favoráveis a projetos indigestos para o povo não me surpreendem. Não me surpreendem porque não tenho nenhuma vinculação, nem esperança com tais políticos.

Se as tivesse, particularmente, não seria filiado ao PSOL, nem colocaria meu nome à disposição para concorrer em nenhuma eleição. Se sou filiado e aceito indicações para concorrer é porque tenho profundas diferenças políticas com os projetos e candidatos que atualmente alcançam índices eleitorais elevados.

O que às vezes me surpreende é que determinados políticos continuam a debochar da percepção da parcela da população que acompanha atentamente determinados momentos da política. Assim como me surpreende o fato de tais políticos terem a cara de pau de ficarem indignados com as cobranças que sofrem.

Ora, os políticos tradicionais, nos períodos eleitorais, são as pessoas mais acessíveis do mundo, são simpáticas com todos, acenam, abraçam, perguntam pela saúde do seu parente, são favoráveis a praticamente todas as causas e categorias de trabalhadores, montam um circo para fazer campanhas milionárias e com isso acabam recebendo muitos votos.

Nada poderia ser mais natural, ainda mais em tempos em que temos a excelente ferramenta da internet para nos comunicarmos de maneira mais fácil e rápida, que os eleitores perguntem aos seus escolhidos sobre as suas medidas, e os cobrem em caso de não estarem de acordo.

As cobranças dos eleitores são mais justificáveis ainda em alguns casos. Há inúmeras situações em que ocorrem verdadeiros estelionatos eleitorais ou zombarias com o bom-senso. Um Vice-Prefeito viajar para a Europa no exato momento em que milhares de servidores municipais reivindicam reajuste para ganhar um pouco mais que o salário mínimo é uma grande zombaria, uma barbaridade. 
Um cidadão que se elege com discurso popular, em defesa dos trabalhadores não tem o direito de não querer ser cobrado por pessoas que trabalham e reivindicam um reajuste digno nos seus vencimentos.

A melhor maneira que temos para mudar a situação política é participar cada vez mais, debater cada vez mais, acompanhar e se informar cada vez mais. Não esqueçamos também que é fundamental não esquecer. A cada dois anos temos eleições, voltam os discursos vazios, sem programa e sem ideias, voltam as campanhas milionárias, os sorrisos, as simpatias e as promessas. Que da próxima vez não passem!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sobre a polêmica das sacolas plásticas


O debate sobre a preservação do meio ambiente vem tomando proporções cada vez maiores. As catástrofes naturais estão sendo cada vez mais associadas ao modo de produção e ao estilo de consumo. Muitas pessoas, organizações e empresas que historicamente não se importaram com o meio ambiente e com a sustentabilidade estão se tornando adeptos da ideia da preservação ambiental.

Tenho a impressão de que o “giro ambientalista” de algumas grandes empresas tem que ser observado mais de perto. A causa comove uma parcela cada vez maior da população. Os empresários enxergam a população como consumidores, se uma empresa tem responsabilidade ambiental, tem uma tendência a atrair um público, normalmente seletivo pelas questões ambientais e de maior poder aquisitivo. O que acaba acontecendo é a criação de um comércio verde, um comércio ambientalmente responsável, pelo menos na teoria.

O tema do uso de sacolas plásticas em supermercados é notável. Há poucos dias, no Estado de São Paulo, os supermercados deixaram de disponibilizar sacolas plásticas nos caixas. Como os clientes dos supermercados obviamente precisam de algum recipiente para transportar suas compras, cria-se um problema. Os donos de supermercado imediatamente resolveram este problema: colocaram a venda sacolas de pano em seus supermercados. Em uma semana, apenas uma loja de um hipermercado, vendeu nada menos que 10 mil sacolas de pano.

O objetivo do não oferecimento de sacolas plásticas nos caixas pode até parecer ser a redução na produção de lixo doméstico. Opino que de fato, parece. A verdade é que os supermercados terão um grande faturamento com a venda de sacolas de pano. E este é apenas um lado do problema. O outro lado é justamente o problema ambiental, teoricamente a justificativa maior para a extinção das sacolas plásticas.

A gigantesca maioria, senão a totalidade da população, reutiliza suas sacolas plásticas do supermercado como saco de lixo. Ao menos as sacolas plásticas de tamanho médio, em geral, são totalmente reutilizadas com este objetivo. As sacolas de grande porte também são amplamente reutilizadas, aqui no Rio Grande do Sul, para guardar o ventilador no inverno e o cobertor no verão, por exemplo. As únicas sacolas plásticas que não são reutilizadas ou são de difícil reutilização são as de pequeno porte.

O problema posterior à inexistência de sacolas plásticas nos supermercados é a falta de sacos de lixo, ou a falta de sacolas para armazenarmos alguma coisa em nossas residências. Qual a solução mais comum para este problema? A compra, no mesmo supermercado que não oferece sacolas plásticas para carregar as compras, de sacolas plásticas para armazenar o lixo. Quem acaba ganhando com esta situação são os empresários dos supermercados e os produtores de sacolas plásticas, os primeiros vão vender mais sacolas de pano e sacos de lixo e os últimos comercializarão ainda mais o seu produto.

Desta forma, sequer o problema ambiental é resolvido ou minimizado, visto que muitas das sacolas plásticas comercializadas como sacos de lixo têm um tempo de decomposição igual ao das sacolas de supermercado, gerando um impacto ambiental igual ou parecido.

A solução dos problemas ambientais, ou a existência de um nível de consumo sustentável, não passam apenas pela retirada das sacolas plásticas dos caixas de supermercado. Passam por um longo processo de educação ambiental, pela existência de políticas públicas eficazes no combate á poluição, pela fiscalização rígida de todas as atividades poluentes e principalmente pela atuação da população como agente transformador de suas relações ambientais.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Todo apoio à greve dos trabalhadores de Pelotas

O Partido Socialismo e Liberdade manifesta seu apoio incondicional à luta dos trabalhadores da prefeitura e do SANEP em estado de greve. A prefeitura de Pelotas não respeita o trabalhador e também não merece respeito.

Ao contrário do que afirma a Prefeitura, a parcela do orçamento da cidade destinada para pagamento de pessoal está muito abaixo do limite. Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Município pode gastar até 54 % com pessoal e a Prefeitura de Pelotas gasta apenas 47,25%.

Somos contrários a existência do grande número de cargos de confiança e seus altos salários. Apenas uma reforma contrária a esses privilégios, com a demissão de 200 CC`s e a diminuição salarial dos demais, já seria suficiente para  garantir as reivindicações mais urgentes dos trabalhadores.

A greve é instrumento de luta e a nossa voz nas ruas é a única coisa que pode mudar nossa realidade, pois é só o que os políticos tradicionais escutam.

Com a certeza de que a mobilização e a união dos trabalhadores são o único caminho de melhorias, o PSOL se posiciona ombro a ombro com quem estiver disposto a essa batalha.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Relato de quem volta a andar de bicicleta

Muito andei de bicicleta nesta minha vida de 28 anos. Quando "mandinho" lá no Simões Lopes foram várias e várias histórias inesquecíveis curtindo a minha bicicletinha.

O passeio preferencial era a "volta na quadra". Fazíamos corrida dando a volta na quadra. Saíamos pela Avenida Brasil, entrávamos na Araújo Viana, depois na Rua General Sampaio*, Pedro de Toledo e retornávamos à Avenida Brasil. Eu normalmente perdia as corridas, pois era o menor da turma e tinha a menor bicicleta.

Nunca me esqueço da vez que fomos dar a volta na quadra, eu com os joelhos totalmente esfolados de tentar andar sem rodinhas e a mãe segurando o banco, para me dar segurança. Lá pelas tantas olhei pra trás e a mãe tinha me soltado!! Um super susto, mas segui andando e aprendi a andar sem as rodinhas.

Outra vez, na mesma volta na quadra, resolvi sair com a bicicleta do pai. Era uma "grande", com freio torpedo (aquele que se freia girando os pedais em sentido inverso ao do movimento pra fazer a bicicleta andar). Quando fiz, em alta velocidade, a curva da General Sampaio, me deparei com o caminhão do pai do Charles e do Wagner, bem na minha frente! No instinto, freiei no manete. Nestas bicicletas o manete só tem o freio da frente, perdi o equilíbrio e me detonei na queda. Meus joelhos ficaram em "carne viva", uma senhora da quadra da Araújo Viana veio correndo com uma garrafa de coca litro com água para lavar os meus joelhos, até hoje tenho a cicatriz.

Embora nunca tenha parado de andar de bicicleta, desde o início de Fevereiro deste ano tenho saído bastante para pedalar, quase todos os dias. Vou aproveitar esta oportunidade para fazer coro com os milhares de ciclistas da nossa cidade. Pelotas é uma cidade plana, bastante agradável para pedalar.

O que mudou e muito dos meus tempos de Simões Lopes para agora, é que o trânsito atualmente é muito mais intenso. Há muitos carros e andar de bicicleta nas ruas mais movimentadas é um tanto complicado, principalmente nas ruas em que passam os ônibus. Nesta minha breve jornada de ciclista, já quase fui atropelado algumas vezes, sendo que em uma delas fui até perseguido por um ônibus da Empresa Santa Silvana.

Creio que com as condições de relevo propícias para pedalar que temos em Pelotas, poderíamos ter um plano mais pensado para transformar a mobilidade urbana, incentivando o uso de bicicletas, a educação ambiental, a educação no trânsito, construindo ciclovias interligadas que permitam o trânsito seguro de quem pedala para trabalhar ou por lazer.

Pelo que tenho visto, o mundo inteiro está olhando para a bicicleta como um meio de transporte necessário, social e ambientalmente correto, temos que construir as condições para possibilitar a massificação deste meio. Aqui, temos totais condições de fazê-lo, são necessárias mobilizações dos ciclistas e vontade dos governantes.

*Tive que recorrer ao Google Maps para descobrir o nome desta rua, na época chamávamos apenas de Rua de Trás, porque ficava atrás do Castelo, que hoje nem existe mais.